As investigações da Polícia Federal indicam que o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto recebia até R$ 250 mil por mês em propina paga pela organização criminosa que fraudava descontos em folha de aposentados e pensionistas. Os pagamentos eram realizados por operadores ligados à Conafer, entidade que mantinha convênios usados para executar descontos irregulares nos benefícios.
Stefanutto foi preso nesta quinta-feira durante a operação que apura desvios milionários envolvendo o instituto. Segundo documentos enviados ao Supremo Tribunal Federal, ele era visto como peça estratégica para garantir o funcionamento do esquema, que mantinha uma estrutura ativa de fraudes desde 2017. O grupo operava a partir de um Acordo de Cooperação Técnica firmado com o INSS, que permitia acesso a dados e autorização para aplicar os descontos.
A PF estima que mais de R$ 640 milhões foram desviados entre 2017 e 2023. O esquema incluía falsificação de fichas de filiação, inserção de dados fraudulentos nos sistemas do INSS e a liberação de repasses sem qualquer comprovação. Dinheiro público circulava por empresas de fachada e intermediários financeiros antes de ser distribuído aos integrantes da organização.
As investigações, feitas em conjunto com a Controladoria-Geral da União, também revelaram descontos irregulares aplicados diretamente em aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024. Os segurados afetados muitas vezes não tinham conhecimento de que valores estavam sendo retirados de seus benefícios mensalmente.
A operação desta quinta prendeu nove pessoas, incluindo Stefanutto e Antônio Carlos Antunes Camilo, conhecido como Careca do INSS, apontado como um dos principais articuladores da fraude. Também foram detidos André Paulo Felix Fidelis, ex-diretor de Benefícios; Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS; e sua esposa, a empresária Thaisa Hoffmann.
A lista de presos inclui ainda Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho, e três integrantes da Conafer: Tiago Abraão Ferreira Lopes, irmão do presidente da entidade, além de Cícero Marcelino de Souza Santos e Samuel Chrisostomo do Bonfim Júnior.






