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Extraordinário não é um filme sobre Bullying


Extraordinário não é um filme sobre Bullying

Não lembro em que momento do filme caiu minha primeira lágrima, mas posso dizer que foi bem antes da metade. Talvez eu esteja em um momento sensível, talvez seja realmente um filme cheio de pequenas verdades que impactam a maioria das pessoas, pois em minha defesa, na última cena o som dos fungados dos narizes entupidos e ecoavam pela sala lotada de cinema. O longa-metragem é baseado no livro de Raquell Jaramillo, com título original de Wonder, conta a história de Auggie Pullman, um garoto que sofre da síndrome de Treacher Collins, que causa deformação facial. Depois de ter a vida inteira educação em casa, Auggie vai à escola e o que parece ser mais um filme sobre como uma criança enfrenta o Bullying, caminha para uma trajetória um pouco além. Ele mostra o problema do garoto por várias perspectivas, não é só ele quem aprende e evolui como personagem durante a trama, todos possuem uma importância e o seu próprio ponto de vista. Essa forma de condução da história foi muito assertiva para que o público se conectasse com os personagens, seja nos momentos de comédia ou drama. Outro ponto chave foi à escolha dos atores, tanto o elenco adulto, que conta com Julia Roberts, Owen Wilson, Sônia Braga, Mandi Patinkin... quanto o infantil, que tem um conjunto de ótimos atores. O destaque vai para o protagonista, interpretado por Jacob Tremblay, conhecido pelo Quarto de Jack, que neste filme teve o desafio de atuar com uma maquiagem, que tomou conta de todo o seu rosto e limitava a expressividade do ator, entretanto, não prejudicou o filme ou personagem em si. Entendemos muito bem os sentimentos de Auggie através de sua voz, gestos, tom de voz, principalmente. Ainda amei as referências a Star Wars. O garoto adora a série de filmes na trama, ele usa alguns personagens como referência pessoal, que estão sempre aparecendo em cena de forma lúdica e divertida. Visualmente o filme é bem ok, mas a direção e condução do ritmo foram muito bem feitas pelo direto/roteirista Stephen Chbosky, que já está acostumado com filmes emocionais. É o caso de (meu queridinho) “As Vantagens de Ser Invisível”. Os dramas são bem trabalhos, juntos a comédia. O ponto de vista de cada personagem e suas perspectivas, feitas com ótimas montagens, serve para enfatizar a moral da história, apontando que tudo nesta vida tem um impacto nas pessoas à volta e os sentimentos não devem ser desmerecidos, pois tudo o que nós fazemos e falamos pode afetar os que estão a nossa volta. Cada um tem suas lutas, cada tem suas experiências e O Extraordinário tenta ensinar como entender e respeitar o próximo, afinal às vezes é importante algo que nos traga um pouco de compaixão e empatia para variar.

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