Álvaro Dias, ex-prefeito de Natal, demonstrou desconforto com a ascensão da juventude na política. Em entrevista recente à TV Ponta Negra, afirmou que o “problema” de Allyson Bezerra seria “ser muito novo”. Aconselhou que ele “não atropele as coisas”.
A fala, além de reducionista, carrega um viés preconceituoso ainda presente na política brasileira: a desconfiança em relação aos jovens. Um tipo de preconceito que não se sustenta quando se olha para os dados, os resultados e a trajetória de quem, mesmo jovem, já mostrou a que veio.
É irônico que essa crítica venha de alguém que iniciou sua carreira pública aos 30 anos, como vice-prefeito de Caicó, em 1989. Se a política da época tivesse seguido o mesmo raciocínio, talvez Álvaro não tivesse tido a mesma oportunidade de começar.
O que se vê na fala de Álvaro não é uma análise estratégica ou técnica, mas um incômodo com a renovação. Quando a juventude passa a ser usada como argumento contra alguém com histórico limpo, entrega de resultados e conexão com as pessoas, a crítica deixa de ser sobre preparo — e passa a ser sobre medo.
Por Caio Vale