No intricado tabuleiro político de Mossoró, uma nova jogada chama atenção e levanta questionamentos sobre lealdade e interesses partidários. A notícia de que Lawrence, vereador do PSDB e atual presidente da Câmara Municipal, se lança como pré-candidato a prefeito, em possível aliança com os grupos de oposição, onde estão Rosalba (PP) e Isolda (PT), traz consigo um ar de perplexidade e curiosidade: o que estaria por trás dessa mudança de posição inusitada?
Para compreender o verdadeiro significado desse movimento político, é crucial contextualizar a relação entre Lawrence e Allyson, atual prefeito de Mossoró. Allyson não apenas apoiou Lawrence em suas duas eleições para presidente da Câmara, mas também desempenhou um papel fundamental ao orientar sua bancada a votar em Lawrence, garantindo-lhe a vitória por duas vezes.
Além disso, o apoio de Allyson foi crucial para o surpreendente desempenho de Lawrence nas eleições de 2022, quando triplicou seus votos em relação ao pleito anterior, alcançando mais de 33 mil votos em Mossoró.
Em 2018, concorrendo ao mesmo cargo, mas sem o apoio de Allyson, Lawrence obteve apenas 10.153 votos.
Esses números expressivos não apenas evidenciam a importância do apoio de Allyson para a ascensão política de Lawrence, mas também lançam luz sobre a questão da lealdade e da gratidão na arena política. No entanto, o cenário atual revela uma reviravolta surpreendente, com Lawrence optando por se distanciar de seu fiel aliado e se aliar a figuras que representam a oposição a atual gestão municipal, lado político que ele sempre criticou.
Essa decisão de Lawrence, no entanto, não ocorre por acaso. Há, por trás dela, uma estratégia calculada e uma teia de interesses partidários em jogo. O PSDB é braço direito do Governo Fátima, representado pelo presidente Ezequiel Ferreira, que tem três secretarias no governo estadual. O PT pode repetir a aliança feita a nível estadual em Mossoró, colocando o grupo petista no mesmo palanque de Lawrence. Da mesma forma com Rosalba, ex-prefeita por quatro vezes, que busca retornar ao poder municipal de qualquer forma.
Essa estratégia evidencia uma tentativa de unir forças em uma frente comum contra Allyson, prefeito de origem popular que rompeu com um ciclo de oligarquia em Mossoró.
No entanto, é importante questionar os motivos que levaram Lawrence a trilhar esse novo caminho político. A justificativa de supostos desentendimentos com a gestão atual não se sustenta diante dos fatos, já que a Prefeitura de Mossoró comprovou o aumento significativo dos repasses para a câmara nos últimos anos e que, os descontos judiciais feitos se tratam de acordos judiciais de dívidas da própria câmara, e não vontade pessoal do prefeito.
A decisão de Lawrence parece ser mais uma questão de interesses partidários e políticos do que uma resposta genuína às necessidades e demandas da população mossoroense.
Ao optar por se aliar aos poderosos de outrora, Lawrence cai nas mãos de uma oligarquia política que dominou Mossoró por décadas. Sua escolha de se distanciar de seu antigo aliado, Allyson, não apenas coloca em xeque sua própria trajetória política, mas também ressalta a importância de permanecer fiel aos princípios e compromissos assumidos com aqueles que confiaram sua esperança e seu voto.
Em última análise, a ida de Lawrence ao campo político de oposição em Mossoró, juntamente com Rosalba, Isolda e outros nomes do sistema político local, não se trata apenas de um rompimento político com o prefeito. É um rompimento de conceito.
Um rompimento com sua própria palavra e que levanta questionamentos sobre seus verdadeiros compromissos, motivações e, acima de tudo, com os seus próprios eleitores.
