Uma campanha na internet pretende arrecadar R$ 40 mil que serão destinados para uma escola, na comunidade Novo Horizonte (Favela do Japão), em Natal, capital do Rio Grande do Norte. A campanha teve início no ano passado, e segue até o dia 15 de fevereiro de 2018. O capitão Styvenson Valentim, é o idealizador da campanha.
Até agora, a ‘vaquinha’ arrecadou R$ 1.350,00. “Gostaria que quem pudesse doar o mínimo que seja possível para que possamos reformar e fazer uma escola em um local salubre onde a comunidade veja outra realidade e se sintam bem em crescer e fazer parte da sociedade positivamenteâ€, disse o capitão, que fez um texto sobre a campanha.
Confira o texto do capitão sobre a campanha:
“Há 14 anos entrei para a academia da Polícia Militar e não foi por vocação. Aos meus vinte e poucos me encontrei como a maioria nessa idade, precisando de uma estabilidade financeira e não me preocupar com a instabilidade do setor privado e a corrupção que afeta em todos os lados nossa vida.
Em 2005 comecei o operacional, vivia nas comunidades carentes de Natal em busca na sua maioria das vezes de adolescentes com nenhuma perspectiva de vida que acabavam ou indo pra prisão ou sendo mortos. E foi dai que eu encontrei um propósito na minha vida ao me chocar diante realidades que nunca vivi.
No dia 23/05/2017 entrei pela primeira vez na escola Maria Ilka e fui recebido com cuspes no chão pelos estudantes, moradores da comunidade da Favela do Japão. Isso até hoje não sai da minha cabeça. Aquilo ali era conotativo como nojo e era justificável, pois a polícia era apenas vista justamente como um meio de repressão a sua comunidade.
A intenção da Ocupação da Polícia Militar na Escola Estadual Maria Ilka de Moura era, inicialmente, a de garantir o restabelecimento da ordem, do bem estar e da segurança, além de coibir o possível uso de drogas na Escola, de esclarecer a direção e aos professores que em nada a PM interferiria nas questões de sala de aula. Todavia, a simples presença de policiais na Escola já tem implicado na mudança de comportamento e melhorias na ordem e disciplina dos alunos.
Além disso iniciamos uma limpeza geral na escola de forma voluntária, desde podar o mato, apagar as pichações de facções criminosa que tinha na escola, recuperar o que foi furtado ou degradado pelos alunos, recuperando a parte elétrica, hidráulica, portas, pintamos as paredes e mantivemos uma boa relação com cada aluno na escola.
Com o passar do tempo conseguimos parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), através da Escola de Música, em parceria com o Núcleo de Arte e Cultura e Departamento de Artes da UFRN, pactuou com a Secretaria de Educação Técnica e Tecnológica (SETEC/MEC) e com o Ministério da Cultura (MinC), que oferta cursos de qualificação profissional no contexto do Programa Mulheres Mil, além de cursos de música, teatro, dança, artes visuais.
Poucos convivem com realidades diferentes demais das que elas vivem, eu por exemplo, sou afortunado, minha família tem condições e eu nunca passei fome, sempre tive banheiro, teto, roupa, brinquedos, educação. No início dos meus projetos e sonhos, a dificuldade foi tamanha que imaginei que eram simplesmente impossíveis, mas após eu ver pouco a pouco, um por um, fração por fração, sendo realizados, senti que juntos poderemos ir muito mais longe.â€
Para participar da campanha, clique aqui.
Foto: Kalina Veloso
