O filme estreou semana passada e parece que é um dos queridinhos do momento. Fãs amam e crítica também, sendo intimamente comparado ao sucesso do longa de 1982, que por sua vez é considerada um clássico Cult.
Blade Runner não é um remake do que já foi feito, mas sim, uma continuação cheia de referências, por isso é importante ter pelo menos uma noção da história e saber que vemos em tela uma evolução do mundo anteriormente retratado.
Provavelmente, este filme será indicado ao Oscar, por vários motivos e eu vou citar alguns do quais eu acho que possam ser merecedores.
1 – Efeitos Especiais
Amo olhar esses detalhes. Podemos começar pelos efeitos especiais, que são essenciais para o desenrolar do filme, já que ele acontece em uma época futurista. Mas não vá pensando que estou falando de mega explosões e cenas frenéticas de ação. Até tem, mas não, o filme não é sobre isso. Falo de um bom CGI, com qualidades técnicas, porque simplesmente o público não imagina que aquilo foi gravado em uma tela verde, mesmo quando vemos naves por todo canto. A robô holográfica, que mantém um relacionamento com K (Ryan Gossiling), protagoniza momentos interessantes. A cena de sexo entre os personagens, pode ser um pouco lenta demais, mas é incrível do ponto de vista técnico. Mais um tópico é a revitalização de face, o facial mapping, que pode trazer a tela alguém que já faleceu ou que não tem mais a mesma aparência, a técnica usada no filme eleva este efeito a outro nível.
2 – Trilha sonora
Hans Zimmer, não é qualquer compositor de trilhas. É simplesmente aclamado por diversos trabalhos como: Dunkirk; Batman Vs Superman; Interstellar; 12 Anos De Escravidão… E em Blade Runner ele não deixa a desejar, a trilha da o compasso do filme, trás emoção. Tem seu quê de vintage e é bem marcante e trás emoções junto com a cena. Até no momento em que ela é ausente é pertinente.
3 -Â Fotografia
O Diretor de Fotografia Roger Deakins é famoso por sua quantidade de trabalhos para o cinema e TV. Este filme sem dúvida esta no hall de suas obras-primas. O longa conta com lindos momentos e um incrível jogo de luz, que muda todo o tom de cenário para cenário. Por exemplo: nas cenas de Jared Letto, para dar um ar mais dramático e sombrio as cenas, vemos os focos de luz posicionados em lugares estratégicos, para dar ênfase nas ações do vilão e nas emoções dos envolvidos. O meu momento preferido é no deserto radioativo, sejam as cenas com as estátuas nuas em meio ao nevoeiro, ou nas internas, que ainda com um fundo amarelado retratam o espaço de um hotel antigo e muitas cenas que misturam o extremo futurista, ao vintage clássico, fazendo uma mescla intensa dos atores com o ambiente através das cores e iluminação, com tudo muito bem centralizado e cheio de perspectiva.
4 – Atuação
Sem dúvidas Ryan Gosling interpreta o personagem com o maior tempo de tela. Mesmo com estigma de galã romântico, o papel de detetive replicante cai muito bem ao ator. A apatia é fundamental, mas quando é preciso mostrar emoção o faz muito bem. Entre androides, replicantes (humanos sintéticos) e humanos todos possuem um ar blazer, porém intenso nas sútis demonstrações de sentimento. Atenção ao trabalho incrível da atriz holandesa Sylvia Hoeks, que interpreta uma replicante a serviço da Wallace Corporation, que ao mesmo tempo em que demonstra desconforto com a violência em alguns momentos, age com muita frieza em outros. Todos os atores fazem jus a produção.
5 – Direção
Quer dar status a uma produção antes da sua estreia? Contrate um diretor aclamado pela crítica. A receita pode ser arriscada e não corresponder às expectativas dos fãs. Contudo, não é o caso. Dennis Villeneuve tem em sua filmografia recente, porém já consagrados, filmes como Sicário (2015) e A Chegada (2016). O Si-fi policial Blade Runner, pode ser uma mistura da experiência dos dois filmes, que deu bem certo. Os planos são focados nas atuações, captando muitas vezes detalhes singelos, que fazem a diferença no contexto dos sentimentos. As lutas são bem trabalhadas e você entende sempre o que está acontecendo. Os diálogos são muito bem escritos, muitas vezes tornando-se um tanto quanto demorados. Particularmente não me incomodam me chateia muito mais os tempos de tela sem fala, por exemplo.
6 – Tempo de tela
Aqui está o ponto negativo do longa (e bota longa nisso), que possui 163 minutos, ou seja quase 3 horas de filme. A sensação é que a obra poderia ser facilmente um episódio de uma série, que se resumido, com menos detalhes de naves pousando, pessoas se encarando, contaríamos sua história em 50 minutos. Todos esses detalhes o tornam um pouco cansativo. No momento cinema, primeiramente percebi um casal caloroso, que foi embora antes da metade do filme, pensei que fosse a paixão, entretanto logo depois outras pessoas começaram a sair, a princípio não entendi o que estava acontecendo. Até que eu notei vastos momentos de solidão e monotonia em tela. Fora a complexidade, que talvez muitos não estivessem esperando, já que o trailer mostrou muita ação, mas no fundo ainda conserva sua essência cult no neo-noir.
Mais um filme que para fugir das especulações e atrair público se vende de uma maneira completamente diferente do que representa (estão lembrados de Mãe?). Não espere um si-fi com aventura, tem muito mais de policial cult do qualquer outro gênero. Se curtir o estilo, então pode ir e se apaixonar.