No último domingo de agosto tivemos o último capítulo da sétima temporada (e penúltima) de Game of Thrones, o que sem dúvidas é um dos maiores acontecimentos de entretenimento do ano. Obviamente, pensei que deveria estar na minha coluna de estreia, porque além de fã é necessário reconhecer o fenômeno de GoT (claramente uma sigla que facilita a vida), não só como uma série, mas muito provavelmente algo que irá marcar a geração milenial. A princípio pensei em dissertar sobre a temporada, falar sobre pontos fortes ou fracos, só então lembrei que nem todo mundo assiste a série. Sim, parece absurdo, mas esses seres existem, por isso pensei em ir além: melhor do que explicar a temporada ou episódios, achei mais interessante esclarecer a todos porque um programa de televisão em plena era da internet tornou as noites de Domingo um acontecimento imperdível.
Adaptação de livros
Quando a HBO anunciou a série lá em 2011, antes mesmo de estrear, já era aguardada por muitos fãs. Isso porque Game of Thrones é inspirada em uma série de livros chamados: As Crônicas de Gelo e Fogo, escrito por George R. R. Martin, tendo seu primeiro volume publicado desde 1996. A emissora tinha expectativas altas a cumprir e, a primeira temporada cumpriu, tornando-se uma das melhores adaptações de livros já feitas, seja de TV ou cinema, já que alguns comparam com Senhor dos Anéis e Harry Potter. GoT conseguiu reverter os fãs dos livros para a série e os da série para os livros, tornando tudo que o seu autor toca em “ouro puro”.
Produção
Produzida por David Benioff e D. B. Weiss (os famosos D&D), GoT se destaca por ser uma das produções mais caras da história da TV. Poderíamos destacar: figurino, fotografia, trilha sonora, abertura, maquiagem, cenário, bons atores… Mas são os efeitos especiais que ganham admiração do público e da crítica especializada. Cenas épicas e grandiosas como: a Batalha de Ãgua Negra (segunda temporada), Hardhome (quinta temporada), Batalha dos Bastardos (sexta temporada) e o Resgate do Esquadrão Suicida (sétima temporada), chamam atenção pela qualidade técnica, que chega a ser melhor do que muitos filmes e também por orçamentos milionários. Estima-se que a produção da série gaste de 10 a 15 milhões por episódio. Com os custos subindo cada vez mais por temporada e os efeitos ficando cada vez melhores. Há uma grande diferença entre o primeiro voo de Daenerys em um dragão lá na quinta temporada, para os exibidos nesta sétima. Os lobos ligantes, que fazem parte do universo fantástico, foram cortados dessa temporada para que pudessem dar prioridade a grande horda de zumbis (dessa vez também retratados em animais e gigantes) e dos dragões em cenas de batalhas.
Surpresas não óbvias
Já diz a tradução livre do inglês “Guerra dos Tronos”, a série a cima de tudo, trata sobre a política do continente fictício de Westeros e tem forte inspiração na história britânica da “Guerra das Rosas”, pois apesar de conter elementos fantásticos muitas vezes esquecemos que não retrata uma era antiga do mundo real. Isso, porque jogos políticos e o lado humano, bom e mal, de cada personagem merece destaque na trama, cada um é responsável pelas suas atitudes e cada ação mal pensada tem uma reação. GoT não poupa ninguém da morte, seja honrado, malvado, criança ou adulto. Dessa forma fica difícil não temer pelo seu personagem favorito, que pode estar distribuído nos vários núcleos da série. Além de que, o papel de protagonista só fica mais claro na sexta temporada, ou seja, sempre existe a dúvida de quem realmente poderá sentar no desejado trono de ferro.
Personagens femininos em pé de igualdade
Muito se falou sobre a violência e nudez da série. Inclusive sobre a fetichização do estupro retratado na obra de Martin, havendo boicote feminista. Mas parece que o jogo virou não é mesmo?! Não podemos negar a nudez feminina e os estupros, que os roteiristas justificam ser parte do costume medieval, presentes em tela e nos livros. Cenas mais pesadas podem ter deixado muitos desconfortáveis, mas em sua grande maioria estavam inseridos em um contexto (outras vezes não podemos negar a polêmica). O maior ponto disso tudo é que mesmo em uma era medieval temos personagens femininos muito fortes e dominadoras, donas das suas próprias conquistas e que não dependem de laços amorosos ou românticos. Podemos começar citando Daenerys, a mãe dos dragões e dona de tantas conquistas, que sou incapaz de escrever todas sem deixar esse texto enorme. Ela fugiu sua vida inteira e na primeira temporada ainda muito jovem, prometida a um casamento por aliança com um homem bárbaro, ela virou o jogo, conquistou o homem, foi morta, renasceu e daí em diante conquistou exércitos e cidades, com ajuda de seus conselheiros, sempre obstinada em seu objetivo de voltar para casa e conquistar o trono. Outra personagem é Cersei, que a princípio parece uma mera peça no jogo do seu pai, casando-se por aliança e criando os seus filhos, porém Cersei é mais que isso, ela é articuladora, planeja e almeja mais que tudo o poder e não mede esforços para consegui-lo. Ainda podemos citar Sansa Stark, que precisa desflorar em meio de relações abusivas e manipulações, para provar ser mais que uma menina boba (sonsa) e que tem capacidade para governar sua casa no Norte. Arya Stark é outro exemplo claro, da garota que não quer seguir o papel tradicional, quer brincar de espadas e em momento de crise finge ser menino para conseguir fazer seu treinamento de assassina e posteriormente justiça com suas próprias mãos. Além de várias outras. Você tem mais alguma para citar?
Mobilização da internet
Se por algum motivo você não está atual com a temporada é bem possível que ao abrir suas redes sociais tome um spoiler bem na sua cara. Muitos que não podem ver aos domingos isolam-se até conseguir assistir, pois a internet não perdoa. Milhares de memes e teorias são geradas logo em seguida de cada episódio. GoT virou um comércio que vai além da HBO, pessoas sustentam sites e canais no YouTube falando apenas da série. É o caso de Mikannn e Carol Moreira, que possuem 300 e 450 mil inscritos, respectivamente em seus canais, e muitas vezes juntas, tratam de teorias, discussões e explicações sobre Game of Thrones, tendo suas lives atualmente patrocinadas por grandes marcas como: M&M’S e IFood. Fora as várias reactions dos espectadores aos episódios, que eu também faço no meu canal pessoal, e virou febre na internet. Além da série ser a mais pirateada de todos os tempos. Em 2015 foram feitos 14,4 milhões de downloads.
Virou moda comentar sobre a série, escolher um personagem favorito ou uma casa que se identifica. Game of Thrones conseguiu status de cultura pop dos anos 2010, conseguiu transformar o padrão do que assistimos nas produções televisivas. Ninguém é obrigado a gostar, mas já dizia minha mãe: “respeito é bom e eu gosto”.