O senador Styvenson Valentim, conhecido por seu discurso rígido em defesa da legalidade, protagonizou nesta semana um episódio que evidencia falta de coerência e habilidade política. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ele atacou duramente o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, por conta do embargo da obra do hospital da Liga Infantil — uma obra importante, mas iniciada sem o alvará legal exigido pela legislação urbanística do município.
Styvenson, que tem como marca a defesa intransigente da legalidade, deveria, neste caso, ter adotado uma postura mais prudente e buscar entender os fatos antes de acusar. A própria Prefeitura de Mossoró esclareceu que a obra foi iniciada no dia 21 de março de 2025 sem a devida licença, e que o pedido de alvará só foi feito pela APAMIM em 15 de abril — ou seja, quase um mês depois do início da construção.
Não cabe ao prefeito, e sim aos fiscais urbanísticos — servidores concursados —, a obrigação de embargar obras irregulares. Caso não o fizessem, estariam sujeitos a responder por prevaricação. Foi um cumprimento do dever legal, e não um ato político ou pessoal.
A atitude do senador, ao não buscar os esclarecimentos necessários e partir diretamente para o ataque ao prefeito, levanta questionamentos sobre sua capacidade de diálogo e articulação, especialmente com possíveis aliados. O erro político pode custar caro a Styvenson. Afinal, ele e Allyson Bezerra são nomes fortes para 2026 e podem vir a ocupar o mesmo palanque na disputa estadual.
A incoerência do senador em seu discurso de legalidade fragiliza sua imagem. Mais que isso: fortalece seus adversários, como a governadora Fátima Bezerra (PT), que assiste, de camarote, uma disputa interna entre dois nomes que poderiam ser aliados.
Por Caio Vale