A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (3) que o ex-chefe do Executivo não atentou contra o Estado Democrático de Direito e que foi “dragado” para os acontecimentos investigados pela Polícia Federal. A declaração foi feita pelo advogado Celso Vilardi, durante a apresentação das alegações no julgamento do chamado “núcleo crucial” da suposta trama golpista, no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Vou demonstrar cuidadosamente: ele [Bolsonaro] não atentou contra o Estado Democrático de Direito, e não há uma única prova. Essa minuta, esse depoimento… não há uma única prova que atrele o presidente à operação Luneta, Punhal Verde e Amarelo e ao 8 de janeiro. Nem o delator falou isso. Não há uma única prova”, afirmou Vilardi.
O advogado também contestou os depoimentos de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e um dos principais delatores do processo. Para ele, as contradições apresentadas pelo tenente-coronel são suficientes para anular a colaboração premiada. “Ele apresentou uma versão e alterou essa versão”, declarou.
Outro ponto criticado pela defesa foi a quantidade de material anexado ao processo e o prazo concedido para análise. Vilardi afirmou que os advogados não tiveram acesso completo às provas e destacou a complexidade dos dados reunidos pela Polícia Federal. “Nós não tivemos o tempo que a Polícia Federal e o Ministério Público tiveram para analisar as provas. São bilhões de documentos. Eu não conheço a íntegra desse processo”, disse.
O julgamento no STF analisa a responsabilidade de Bolsonaro e de outros sete réus em um suposto plano para tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022. A defesa pede a absolvição do ex-presidente, alegando falta de provas e irregularidades no andamento do processo.