O Vaticano publicou nesta terça-feira (4) uma Nota Doutrinária que reforça a importância de Maria na fé católica, mas esclarece que ela não deve ser chamada de “corredentora”. De acordo com o documento, embora Maria tenha cooperado com o plano de Deus e seja venerada como Mãe de Jesus e intercessora dos fiéis, a salvação da humanidade é obra exclusiva de Cristo.
A instrução, intitulada Mater Populi Fidelis, foi divulgada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé e aprovada pelo Papa em 7 de outubro. O texto resgata fundamentos bíblicos, escritos de santos, tradições da Igreja e declarações de pontífices, com o objetivo de orientar corretamente a devoção mariana.
Segundo a Nota, títulos como “Mãe dos fiéis”, “Mãe espiritual” e “Mãe do povo de Deus” são adequados e refletem a verdadeira missão de Maria. No entanto, expressões como “corredentora” são consideradas inadequadas por poderem gerar confusão entre os fiéis ao sugerir que Maria participou da Redenção da mesma forma que Jesus.
“Cristo é o único Redentor e Mediador da salvação. Maria cooperou com o plano de Deus, mas não dividiu com Ele a obra redentora”, afirma o documento.
O texto lembra que, ao aceitar ser mãe de Jesus e dizer “faça-se”, Maria “abriu as portas da Redenção que a humanidade aguardava”. Porém, destaca que tudo nela aponta para Cristo e depende da ação divina.
Medianeira? Sim, mas com limites
A Igreja também tratou do título “Medianeira”. O Vaticano explica que Maria pode ser chamada assim apenas no sentido de intercessora, isto é, alguém que apresenta os pedidos dos fiéis a Deus, e nunca como fonte de graça. Quando o termo sugere que ela distribui ou concede a salvação, torna-se incorreto.
Por que a Igreja rejeita o termo “corredentora”?
O documento cita que alguns papas do passado usaram o título, mas sem defini-lo oficialmente. O Concílio Vaticano II, por motivos doutrinários e ecumênicos, decidiu não adotá-lo. Papas mais recentes também rejeitaram a ideia. Bento XVI afirmou que o termo “não está claro na Bíblia” e pode causar mal-entendidos. Francisco chegou a dizer que chamá-la de corredentora “não ajuda a fé do povo”.
Devoção continua, mas com clareza
O documento não diminui a devoção a Maria. Pelo contrário, reforça seu papel único na história da fé, mas lembra que a Igreja distingue entre veneração a Maria e adoração somente a Deus.
Assim, Maria segue sendo exemplo de obediência, fé e intercessão, mas Jesus permanece como o único Salvador da humanidade.






