O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou em entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post, publicada nesta segunda-feira (18), que não há possibilidade de recuar em suas decisões envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. Moraes também comentou a pressão dos Estados Unidos, que o sancionaram com base na Lei Magnitsky.
“Não há a menor chance de recuar um milímetro sequer. Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as evidências e quem tiver de ser condenado, será condenado. Quem tiver de ser absolvido, será absolvido”, declarou.
Relator da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, o ministro destacou que o Brasil enfrentou reiteradas ameaças à democracia no último século, o que exige firmeza das instituições. “Quando você é repetidamente atacado por uma doença, você desenvolve anticorpos e busca uma vacina preventiva. É isso que estamos fazendo”, afirmou.
A Procuradoria-Geral da República denunciou 34 pessoas pelo caso, das quais 31 se tornaram rés no STF – entre elas Bolsonaro. O julgamento do chamado “Núcleo 1” da denúncia está marcado para setembro.
Moraes também defendeu a legalidade do processo e lembrou que 179 testemunhas já foram ouvidas. Questionado sobre se concentraria poder excessivo na Corte, o ministro afirmou que mais de 700 decisões suas foram revisadas pelos colegas, sem que houvesse reversão.
Sobre as sanções impostas pelos Estados Unidos, Moraes disse que “falsas narrativas envenenaram a relação Brasil-EUA”, apontando para a atuação de aliados de Bolsonaro, como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
“É prazeroso passar por isso? Claro que não. Mas enfrentamos forças que queriam eliminar a democracia, e cabia a nós interrompê-las. Enquanto houver necessidade, a investigação continuará”, concluiu o ministro.