O verão começou nesta sexta-feira (22) no hemisfério sul, trazendo consigo previsões de temperaturas acima da média histórica em todo o Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Para o Rio Grande do Norte, a expectativa é de um clima quente e úmido, um pouco acima do habitual, conforme relatado pelo meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Gilmar Bristot.
O fenômeno meteorológico do “El Niño”, caracterizado pelo aumento anormal das temperaturas da água do oceano, está influenciando na previsão de um clima quente e úmido na região Nordeste. Este fenômeno costuma desencadear fortes ondas de calor.
“O foco principal reside nos meses de janeiro e fevereiro. Já temos uma ideia do que esperar com base na última semana, que deve repetir o que tivemos na segunda quinzena de dezembro. Prevemos uma estação chuvosa preliminar acima do normal”, disse o pesquisador.
Devido ao aumento previsto das chuvas, os pesquisadores da Emparn estimam uma temperatura ligeiramente superior ao esperado. A máxima, na faixa litorânea, deve oscilar entre 31 ºC e 32 ºC, enquanto a mínima esperada varia de 24 ºC a 26 ºC.
No interior do estado, as temperaturas máximas podem ultrapassar os 35 ºC, com mínimas entre 23 ºC e 26 ºC, dependendo da região.
“No entanto, não se trata de algo exagerado. Se estivéssemos lidando com o que uma pesquisa previa em agosto, com um 'super El Niño', durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, seria diferente. Não foi o que observamos”, explicou.
Gilmar Bristot destacou que a impermeabilização do solo, a ausência de cobertura vegetal, o crescimento vertical das áreas urbanas e o aumento populacional transformaram Natal em uma “ilha de calor”.
“Seria difícil para Natal recuperar as temperaturas da década de 60, quando as mínimas eram de vinte e vinte e um graus, devido a esses fatores, a cidade retém calor”, esclareceu.
Ele também apontou que a circulação natural dos ventos em Natal é bastante adequada, mas está sendo afetada devido às barreiras artificiais, o que influencia o aumento do calor.
Mudanças climáticas
A Emparn prevê um período mais úmido com chuvas intensas para o Nordeste nos meses de janeiro e fevereiro. Já em março, é esperado um cenário de chuvas abaixo da média e, consequentemente, um calor mais intenso.
Contudo, devido às mudanças climáticas, as chuvas estão se tornando mais intensas, afetando a vida das pessoas, seja por deslizamentos de terra ou inundações repentinas.
“Os sistemas meteorológicos estão agindo em curtos períodos, porém com grande intensidade. Estamos testemunhando o que está ocorrendo no sul do país e, recentemente, em Salvador. Essa mudança climática está se tornando uma realidade, e isso pode afetar o Rio Grande do Norte nos meses de janeiro e fevereiro. Podemos ter chuvas fortes, o que pode causar transtornos à população”, alertou Gilmar.